Guerra. Ao meu ver não há outro significado para violência empregada pelos criminosos na cidade do Rio de Janeiro. Táticas de guerrilha (aprendidas nada mais, nada menos com os hermanos colombianos e até mesmo com rebeldes africanos) são empregadas com limitado sucesso, causando temor na já receosa população. A grande surpresa, desta vez, foi felizmente o retorno (ou o ingresso) dos governantes e suas respectivas corporações. Parece que os militares assistiram ou tiveram ensinamentos com o herói brasileiro Capitão Nascimento. Mas o mais positivo dos acontecimentos foi a mudança de visão da real situação carioca. O entendimento, pelo que se demonstram nas ações militares, é de uma guerra e não de um simples policiamento ostensivo. Que não há criminosos e sim inimigos.
Essa simples diferença de sentido mudou a percepção de marasmo e falta de poder da polícia carioca. Porém, a atual situação da polícia do Rio é o reflexo do abandono do Estado como um todo, decorrente de décadas sem investimentos. Até porque, quem nos últimos 20 anos procurou "organizar" e se "aprimorar" decorrente de grandes investimentos financeiros? A força criminosa. É lógico. Para poder desenvolver o tráfico se precisa de segurança, para isso a atenção do lado do crime.
Aí entra uma questão importante sobre as Forças Armadas Brasileiras. Qual o seu papel diante deste cenário? Por muito tempo, e ainda muito debatido, se diziam que as Forças Brasileiras não estariam preparadas para uma guerra urbana. Não seriam essas funções a serem exercidas por elas. Porém, há controvérsias:
1. O atual cenário de guerra é um pouco diferente de 60, 70 anos atrás onde as tropas avançavam em um determinado campo e derrotavam o inimigo, sabendo quem eram e aonde possivelmente estariam. Os tempos mudaram, temos como grande exemplo o sacrifício americano em combater o terrorismo no Iraque. Há uma guerra urbana por lá. O inimigo se infiltra como se fosse um mero cidadão. Atentados com carros-bomba tem o cunho de intimidar a população e as Forças Americanas.
2. O emprego em situações de estabelecimento da ordem. Ora, no caso previsto em nossa Constituição, as Forças Brasileiras seriam deslocadas para a manutenção da ordem e provavelmente teriam que atuar em território urbano.
3. O emprego de manutenção da ordem em outros países. Como exemplo, temos o importante trabalho do Exército Brasileiro, pela ONU, atuando de forma brilhante no Haiti e lá realizando todas as atividades de controle em um ambiente totalmente urbano.
Aí recordamos o ditado popular: em casa de ferreiro o espeto é de pau.
A situação está mudando. Tendo em vista a realidade caótica que vivem os cidadãos cariocas a Marinha Brasileira, em parceiria com Governo Estadual, cedeu alguns de seus carros de combate para atuarem no RJ ontem. O resultado foi amplamente positivo.
Hoje, o Exército Brasileiro confirmou o envio de 800 militares, 2 helicópteros e 10 carros de combate para auxílio das forças policiais.
Acredito que esta é uma grande oportunidade para amenizar a situação e demonstrar o poder do Estado (União e Estado - Forças Armadas e Polícias Militares) coeso com os reais problemas de segurança pública e sociais. E o principal, dar voz e tranqüilidade para uma sociedade que há décadas silencia e observa de maneira perplexa um conflito sem precedentes.
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